Gado de cria: a base para a produção
O gado de cria é a base para a produção de carne e também o que rege o ciclo pecuário.
A oferta e a demanda de bezerros contribuem para a inversão de tendência nos preços de comercialização de garrote e boi gordo no mercado nacional.
Mesmo com tal importância no mercado, a atividade ainda é a que menos recebe investimentos em nutrição.
Além disso também é a que sofre maiores perdas no decorrer do processo.
- Mortalidade de nascidos
- Gestações interrompidas (doenças e estresse)
- Fatores nutricionais, hídricos, ambientais ou de manejo
Nutrição do gado de cria
Como em toda atividade, no sistema de gado cria a busca por incremento na lucratividade é constante.
Mas, para que isso ocorra, é necessário que sejam respeitados alguns pilares.
Como por exemplo: uma vaca precisa “deixar” o bezerro em um intervalo de 12 a 13 meses na propriedade.
A quantidade e o peso dos animais desmamados também influenciam diretamente na receita.
Fisiologicamente, uma matriz é capaz de atingir a meta de gerar um bezerro ao ano, pois sua gestação dura cerca de 285 dias (9,3 meses).
Após o parto, em torno de 40 a 60 dias essa matriz já está com as estruturas reprodutivas recuperadas e apta à reprodução novamente.
Portanto, entre gestação e novo ciclo, um período de 12 a 13 meses.
No entanto, para que isso ocorra, as matrizes precisam estar com bom estado corporal no parto, uma vez que naturalmente já perdem peso devido ao estado de Balanço Energético Negativo (BEN).
Isso ocorre por conta da diminuição na ingestão de energia diária e pelo aumento da demanda energética para produção de leite.
A menor ingestão de energia está relacionada com a compressão do trato digestivo ocasionada pela distensão uterina durante o desenvolvimento fetal.
Atenuar o BEN contribui de forma positiva para o retorno das vacas ao ciclo reprodutivo.
Portanto, a nutrição bem ajustada é fundamental para proporcionar bom estado corporal às matrizes no parto.
Assim como auxiliar na recuperação dos animais no pós-parto, visto que o escore corporal está relacionado com ganho ou perda de peso dos animais.
Os bezerros
Em relação ao peso dos bezerros no desmame, a nutrição adicional ao leite e ao pasto também influi de forma positiva no desempenho.
Esse aporte nutricional consiste em fornecer aos bezerros suplementação proteica ou proteico-energética em cocho durante a fase de aleitamento, lembrando que o valor comercial desses animais está atrelado ao peso, portanto, o incremento no peso ao desmame gera aumento na receita final da produção.
Além da nutrição, a programação do período de nascimento dos bezerros auxilia no desenvolvimento do sistema de cria.
Sabe-se que bezerros nascidos na época seca do ano tendem a ter melhor peso ao desmame em relação aos animais nascidos em épocas chuvosas.
Esse fato está relacionado com os seguintes fatores: menor exposição a parasitas externos e internos, não exposição a chuvas e umidade demasiada (o que causa gasto energético para manutenção da temperatura corporal) e concentração do manejo com neonatos na fazenda, que já estarão aptos ao consumo de pasto durante todo o período de águas.
Os bezerros nascidos na seca serão desmamados no final das águas do ano seguinte.
Sendo assim, é possível realizar a venda dos mesmos e descartar as vacas vazias antes da entrada da seca, aliviando a lotação dos pastos no período de escassez de forragem, lembrando que a venda dessas vacas representa uma “fatia” importante na receita da fazenda.
Esta programação dos nascimentos e desmames pode ser realizada através da estação de monta.
Atenção a estação de monta
A estação de monta consiste em determinar um período (data para início e término) para inseminação e/ou exposição das matrizes aptas a reprodução aos touros.
Realizando este manejo, é possível direcionar a fase gestacional das vacas para o período do ano, onde existe melhor disponibilidade e qualidade de forragem, proporcionando à vaca chegar ao parto com bom escore de condição corporal, além de auxiliar no planejamento do fluxo de caixa dentro da fazenda.
Com o planejamento do manejo reprodutivo bem alinhado, é possível trabalhar de forma específica os protocolos nutricionais adequados para cada fase do ciclo.
Influência da nutrição na reprodução
O tempo de recuperação pós-parto influencia diretamente no intervalo entre partos.
Sendo assim, durante a gestação a vaca deve ser nutrida adequadamente.
É possível mensurar o estado nutricional com a avaliação da condição corporal dos animais através de uma escala de notas variando de 1 a 5, as quais são atribuídas por uma avaliação visual onde a nota 1 é para uma vaca extremamente magra, com ossatura bastante exposta, e a nota 5, para um animal onde é possível notar deposição de gordura subcutânea, sem ossatura aparente.
Em estudo realizado por Emerick et al., 2009, o deficiente estado nutricional no pós-parto, evidenciado por baixo ECC, foi uma das mais importantes causas de atraso da primeira ovulação pós-parto.
De acordo com Hartmann e Machado, 2022, vacas com escore corporal entre 2,5 e 3,1 em período de estação de monta obtiveram melhor taxa de prenhez em relação a animais com escore abaixo de 2,5 e acima de 3,1.
De acordo com os autores, o ECC alto de uma vaca também a torna menos eficiente na reprodução, trazendo dificuldades ao parto, como aumento das perdas neonatais, redução de peso ao desmame e aumento dos custos nutricionais.
Alinhe a dieta
Uma dieta balanceada deve conter níveis de proteína, energia e minerais adequados a cada fase do ciclo produtivo.
Esse alinhamento é possível conhecendo a composição bromatológica dos pastos (teor de nutrientes) possibilitando a complementação correta com suplementos proteicos, proteico-energéticos e minerais.
A suplementação mineral é a base da nutrição e jamais deve ser marginal ou negligenciada, pois os minerais participam de praticamente todos os processos metabólicos e também na composição estrutural dos animais.
Portanto, nenhuma suplementação em nível proteico e/ou energético surtirá efeito se o aporte mineral não estiver adequado.
Na reprodução, os minerais exercem papel importante tanto para concepção quanto para manutenção da gestação.
Por isso, é necessário que a suplementação seja constante e em níveis adequados e não somente durante o período de estação de monta ou pré-monta, considerando que as pastagens tropicais são deficientes em minerais, principalmente em microelementos.
Macro e microminerais
Ambos os grupos possuem igual importância, diferindo apenas na dose necessária para suprir a exigência animal.
Todos os minerais são fundamentais na produção animal, visto que participam do metabolismo, manutenção e crescimento animal.
A necessidade de determinado elemento em um tipo de célula ou tecido é variável de acordo com a fase fisiológica do animal, ou seja, a intensidade da suplementação mineral pode variar, porém deve sempre existir.
A biodisponibilidade, ou seja, o potencial de absorção que determinado mineral apresenta é variável de acordo com a fonte da qual é obtido.
Podendo ser nula ou marginal, não contribuindo para supressão da exigência animal.
Portanto, ao avaliar um suplemento mineral, além de observar os níveis de garantia, é importante também se atentar para a matéria prima utilizada na fabricação.
Planeje suas ações
Dentro dos sistemas de produção de gado de corte, talvez a cria seja o que mais envolve detalhes em relação a organização e planejamento.
Quanto à nutrição, fica muito clara a necessidade de protocolos específicos para cada fase do processo, bem como para cada categoria envolvida nele.
Sendo assim, não basta fornecer condições nutricionais adequadas apenas no período reprodutivo (estação de monta).
Além da concepção, a manutenção da gestação e o retorno ao estro são fundamentais para o sucesso da atividade.
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