Sua fazenda está preparada para o clima de transição?
Com a estação seca chegando ao fim, é inevitável que o planejamento de manejo físico e nutricional do rebanho seja colocado em pauta. Afinal, quando a primavera se aproxima — que teve início no final de setembro — cria-se naturalmente a expectativa de que o período seco fique para trás, caminhando para a transição seca para águas. No entanto, como todo pecuarista já sabe, o clima brasileiro costuma ser imprevisível, o que exige atenção redobrada.
Torna-se essencial lembrar que esta fase é considerada uma das mais delicadas da produção a pasto. Um bom plano de ação deve ser elaborado, especialmente porque, nesse momento, a transição traz consigo uma série de desafios.
Desafios da transição seca para águas
Normalmente, o estoque e o perfil das pastagens não se mantêm estáveis. Além disso, mesmo com as primeiras chuvas, que nem sempre se consolidam, a temperatura e o fotoperíodo ainda permanecem abaixo do ideal.
Como consequência, ocorre a deterioração das folhas das forrageiras, o que reduz a ingestão de forragem pelos animais.
Planejar e se preparar, portanto, deve ser visto como um passo crucial para o sucesso produtivo. Não por acaso, diversas estratégias precisam ser avaliadas com base em critérios técnicos e econômicos, de forma que as soluções mais assertivas sejam aplicadas em cada realidade.
Mas afinal, diante dessa diversidade de cenários, quais seriam as situações mais críticas e suas possíveis alternativas?
Semiconfinamento
No caso do semiconfinamento — que utiliza concentrado em até 1,2% do peso corporal — a dependência em relação às forrageiras é bastante elevada. Assim, quando o capim não está disponível em quantidade ou qualidade, a nutrição do animal é diretamente prejudicada. O resultado pode ser baixo desempenho produtivo, queda na eficiência alimentar e até dificuldades na terminação.
A avaliação cuidadosa deve ser feita. Em alguns casos, o abate seletivo pode ser adotado. Em outros, a recomendação é migrar para a utilização de ração total balanceada, menos dependente da pastagem, garantindo as exigências nutricionais até a fase final de terminação.
Recria com proteinados
Durante a recria, os animais podem ser direcionados para o consumo de proteico energético (0,4% a 0,6% do peso corporal) nessa etapa de transição. Outra alternativa, igualmente válida, é o confinamento temporário — também conhecido como sequestro.
Aliás, esse sistema oferece duplo benefício: permite a recuperação das pastagens e, ao mesmo tempo, entrega um retorno econômico bastante interessante para a fazenda. Vale lembrar que, diante do cenário de preços mais baixos do milho, o uso de dieta com grão inteiro pode ser uma ferramenta eficiente, especialmente quando o planejamento de conservação de forragens não foi realizado a tempo.
Rebanhos de cria
Em tempos de bezerros com menor valorização, a máxima é clara: não deixar que as vacas percam muito peso. Essa categoria é considerada mais complexa e exige estratégias específicas de suplementação e manejo, sobretudo para primíparas e novilhas de reposição.
Neste período pré-estação de monta, em que a recomposição do escore corporal é prioridade, a suplementação com 0,3% a 0,5% de proteico energético de transição pode ser avaliada. Além disso, em determinados casos, o confinamento temporário também se mostra uma alternativa eficiente, podendo ser utilizado o grão inteiro como base nutricional.
Essas práticas, portanto, representam caminhos viáveis para o período de transição. Contudo, deve ser reforçado que nenhuma decisão deve ser tomada sem antes olhar “porteira a dentro”. Avaliar cada pasto, cada lote e cada situação é essencial. Só assim é possível diagnosticar, elaborar planos direcionados e considerar tanto a viabilidade econômica quanto a operacional.
Seguindo esse processo, os rebanhos poderão ser conduzidos de forma sustentável, com maior eficiência e produtividade, mesmo em fases de maior incerteza.
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