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Laminite em bovinos: como a nutrição do rebanho pode ajudar?

A laminite é uma inflamação das camadas dérmicas no interior do casco que, frequentemente, acomete bovinos e equinos.

Sua origem pode ter vários fatores, porém, o consumo excessivo de carboidratos de digestão rápida é considerado o principal deles, principalmente em animais confinados.

No entanto, outros motivos, como características genéticas dos animais; o tipo de piso ou terreno; alterações metabólicas e hormonais no pós-parto podem também contribuir com o aparecimento da laminite.

Se quiser entender mais sobre o assunto e descobrir dicas que podem ajudá-lo a enfrentar esta doença silenciosa na sua fazenda, continue com a leitura.

Causas da laminite

A princípio, a causa mais conhecida da laminite está relacionada com a ingestão excessiva de grãos, ou carboidratos de digestão rápida.

Isso acontece, pois o excesso de carboidratos de rápida fermentação na dieta dos bovinos (com tamanho reduzido de partículas, baixa qualidade e quantidade de fibra), provoca um desequilíbrio na microbiota e, consequentemente, há redução do pH ruminal, o que caracteriza um quadro de acidose.

A acidose, por sua vez, favorece a liberação de endotoxinas no rúmen, as quais atingem a corrente sanguínea do animal. Quando atingem a corrente sanguínea, essas toxinas causam aumento de pressão no sangue, inclusive na região dos cascos.

Finalmente, o aumento de pressão sanguínea pode causar a formação de coágulos e lesão nos tecidos dos cascos, o que dá origem a laminite.

Além da acidose, outras causas são relacionadas à doença:

  • Fatores genéticos;
  • Inflamações ou traumas;
  • Idade;
  • Falta de movimentação;
  • Toxemia.
Infográfico comparativo do interior do casco do bovino com laminite e sem laminite.

Comparação entre a morfologia de um casco de bovino sem laminite e outro com laminite.

Características

Claudicação (manqueira): um dos sinais mais evidentes de laminite em bovinos é a dificuldade em caminhar, isso geralmente é mais perceptível quando o animal é forçado a se movimentar.

Postura anormal: bovinos acometidos podem adotar uma postura anormal para aliviar a dor nos cascos. Isso pode incluir inclinar o corpo para trás ou apoiar mais peso em um casco do que no outro.

Recusa em se movimentar: à medida que a laminite progride e a dor aumenta, os bovinos afetados podem recusar-se a se mover.

Descoloração e anormalidades nos cascos: descoloração, rachaduras, deformidades ou sangramento, dependendo da gravidade da laminite e do tempo de aparecimento da doença.

Perda de apetite e produção reduzida: devido à dor, os bovinos afetados podem apresentar perda de apetite e redução na produção de leite.

Tipos de laminite

Antes de falarmos sobre os tipos de laminite, é importante que você conheça a anatomia do casco do animal, veja a seguir:

Ilustração da anatomia e morfologia do casco bovino.

Partes do casco bovino.

Subaguda: é uma forma mais branda da doença. Os sinais observados são desconforto moderado ao caminhar, inchaços da borda coronária desaparecem espontaneamente, linhas de injuria costumam aparecer sobre a parede dorsal, o que pode causar rompimento.

Subclínica: pode haver deformações no formato e crescimento do casco. Animais não alteram a forma de locomoção, e no exame clínico é possível observar, em alguns casos, o casco macio e descolorido, além de solas amareladas ou com presença de sangue. Estima-se que alterações desse tipo ocorram em média 2 a 3 meses após o evento da acidose.

LEIA MAIS: Doenças de casco em bovinos: saiba como evitá-las.

Laminite crônica: é caracterizada pela alteração no formato do digito, pois os cascos apresentam crescimento excessivo, e se assemelham a chinelos, ou ainda apresentam deformações no formato de tesoura ou saca-rolhas.

Prevenção e controle

Apesar da laminite ser uma doença silenciosa, existem maneiras de prevenir que ela acometa seus animais.

Seguem abaixo algumas maneiras de como você, pecuarista, pode fazer este controle:

  • Uso de dietas ricas em fibra efetiva para estimular a ruminação e, consequentemente, a produção de saliva para evitar a acidose (sempre com o acompanhamento de um técnico especializado);
  • Uso de tampões e agentes neutralizantes na dieta, como por exemplo, bicarbonato de sódio, carbonato de magnésio, carbonato de cálcio, carbonato de potássio, óxido de magnésio, dentre outros;
  • Aditivos naturais como o Fator P e leveduras, que ajudam a estabilizar o ph do rúmen e evitar problemas de acidose, além de promover 20% a mais de ganho de peso em bovinos e melhorar a qualidade do leite;
  • Promotores de crescimento, ionóforos, que auxiliam na prevenção de problemas digestivos e metabólicos, entretanto seu uso indiscriminado pode trazer sérias consequências para o meio ambiente, como por exemplo, a resistência microbiana;
  • Elaboração de dieta de pré e pós-parto personalizadas, pois algumas mudanças fisiológicas que ocorrem nestes períodos podem estimular a perda de gordura e de colágeno na região dos cascos, o que desencadeia ou agrava o quadro de laminite;
  • Utilização do escore de locomoção como forma de monitoriamento da laminite;
  • Casqueamento preventivo com equipe treinada;
  • Utilização de pedilúvio que tem como objetivo desinfetar o casco e endurecê-lo;
  • Boas condições em pisos de confinamento: a falta de higiene faz com que o casco fique em contato constante com umidade e fezes. A umidade favorece o amolecimento do casco e o piso de concreto pode causar lesões;
  • Camas confortáveis para descanso: o repouso favorece a ruminação e a circulação sanguínea nas extremidades distais dos membros.

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