Água virtual no agronegócio: a água que você não vê!
Água virtual nada mais é do que o cálculo do volume de água incorporado em produtos que são consumidos diariamente.
O nome “virtual” se dá pelo fato de não poder ser vista, mesmo estando em tudo que usamos e consumimos.
A água virtual é parte de todos os processos de produção, direta ou indiretamente.
É um termo alternativo para pegada hídrica, que diz respeito ao tipo de água utilizada em seu processo produtivo.
Você tem ideia de quanto gasta de água diariamente?
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 110 litros são suficientes para atender às necessidades de uma pessoa em 24 horas.
Além disso, ainda temos a água virtual, que a ONU não considera na média exposta acima.
Confira abaixo como ela se apresenta no seu dia-a-dia:
Brasil o grande exportador
O Brasil concentra cerca de 19% da reserva mundial de água, portanto sendo considerado abundante em água superficial.
Porém, apesar do seu conforto hídrico, o histórico de uso inadequado de seus recursos e a desigualdade na distribuição natural, faz com que algumas áreas enfrentem situações de escassez.
Em outras palavras, o conceito da água virtual é considerado um indicador de sustentabilidade na produção.
O Brasil, infelizmente, assim como outros países, não faz o cálculo da água virtual na exportação de carne.
Sendo mais lucrativo para outros países comprar a carne ou commodities brasileiras.
Quantificação hídrica no agronegócio
A economista formada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) Jaquelini Gisele Gerlain, realizou um estudo sobre volume e o valor da água virtual.
Neste estudo, foram abordados às três categorias de quantificação água no setor agrícola:
- Verde (água da chuva)
- Azul (água superficial e subterrânea)
- Cinza (água limpa utilizada para diluir a água poluída até que a esta fique dentro de níveis aceitáveis)
Para maior benefício, o produtor rural deve utilizar esse conceito para escolha da cultura a ser plantada e o local.
Períodos regulares de chuva, fazem com que a cultura escolhida se desenvolva utilizando apenas água verde, evitando gastos com sistema de irrigação.
Já na pecuária, os três tipos de água são por sistemas de produção:
- Á pasto
- Industrial (confinamento)
- Mista (pastagem e industrial – semi confinamento)
A presença de água virtual na pecuária é facilmente visualizada, basta pensar que para criar animais é necessário alimentá-los (forragens, commodities etc).
Portanto a pecuária possui a água virtual da agricultura, somados ao seu próprio consumo, já que os animais a bebem também.
Dados esses fatores é de extrema importância que seja feito o planejamento dos recursos hídricos, conscientização e preservação.
Seu uso exacerbado pode causar escassez e aumento da precificação desse líquido imprescindível para a vida.
Tenha uma gota de consciência
Júlio Palhares, pesquisador da Embrapa, aponta um passo primordialmente necessário para a diminuir a água virtual na produção de carne bovina.
Realizar uma nutrição bem feita! Além de melhorar a pegada hídrica os ganhos são aparentes a curto prazo.
Zootecnia e nutrição de precisão, se exercitadas de forma correta, farão com que o produto seja hidricamente melhor.
Afinal um pasto degradado, terá menos água em sua composição e gerará um animal sob maior tempo de pastejo.
Isso dificulta o atingimento do peso de abate esperado pelo pecuarista, além disso, o animal irá beber mais água do bebedouro.
Já quando alimentado e suplementado de forma correta:
- O gado irá consumir menor quantidade de água
- Produção de carne, com a máxima eficiência
Pequenos ajustes na dieta animal dão sinais promissores para a diminuição da água virtual, como foi observado pelos pesquisadores da Embrapa.
Eles conseguiram reduzir em três litros o consumo diário de vacas leiteiras (15% de redução da pegada), com uma intervenção nutricional baseada no ajuste de proteínas na dieta durante o período de lactação.
Considerando um rebanho leiteiro de 100 animais, e o período de lactação de dez meses, a economia de água passaria dos 9.000L.
A Embrapa vem se dedicando a desenvolver indicadores de eficiência hídrica que avaliarão o desempenho da cadeia produtiva de carne.
Avaliando a sustentabilidade da atividade, será possível identificar pontos críticos no uso da água virtual.
E aplicar ações para reduzir impactos negativos, melhorar a eficiência hídrica da produção e reduzir custos.
Muitas são as oportunidades para melhorar a gerenciamento da água no setor agropecuário.
Acreditamos que a disseminação de boas práticas no campo está acontecendo e depende de mudanças de hábitos de cada um.
Porque o mundo tem SEDE mesmo, é de iniciativa!
Como você pode ver a economia de água não diz respeito apenas a tomar banhos mais curtos.
Afinal todas as escolhas, hábitos e consumos geram algum impacto ambiental.
Portanto, evite o desperdício de alimentos e outros bens de consumo, essa é uma forma de reduzir o gasto de água virtual.
Pense em seus hábitos gerais de consumo e trabalhe a favor da disponibilidade de recursos hídricos.
A Premix estimula o consumo consciente de água real e virtual. Conte conosco para ajudá-lo a melhorar sempre!