Pegada Hídrica na pecuária: O consumo consciente que acaba com o desperdício

A preocupação com os recursos naturais do planeta vem crescendo dia a dia, pessoas do mundo inteiro se atentam cada vez mais a um consumo consciente de produtos.

O conceito da Pegada Hídrica foi criado há mais de uma década por um ambientalista, chamado Arjen Hoekstra onde com um cálculo pode-se estimar o volume total de água utilizado na produção de um bem ou serviço, direto ou indireto. Valores recentemente publicados pela SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) mostram que é necessária uma média de 17.100 L de água potável para produzir 1 Kg de carne de boi (como pode ser observado no infográfico abaixo), com quantidades extremamente altas para produção de carne e leite no mundo, tem-se discutido e desenvolvido de ferramentas para diminuir o consumo de água na produção de produtos de origem animal.

A Pegada Hídrica vem então com o objetivo de monitorar o uso do recurso hídrico dentro da cadeia produtiva e, assim, reduzir desperdícios, trabalhar com mais sustentabilidade, evitar a poluição da água e adotar o consumo consciente.

O Brasil possui problemas crônicos de falta de saneamento urbano e rural, além disso quanto maior o grau de poluição e contaminação de águas, o impacto econômico na produção dos alimentos tende a ser superior, aumentando a vulnerabilidade sanitária e diminuindo a competitividade do país na produção de commodities agropecuárias, sendo necessário internalizar o manejo hídrico.

A maior parte da água captada e consumida no Brasil é utilizada pela agropecuária. A Agência Nacional de Águas informou que 75% da água consumida no país foi utilizada pela irrigação e 9% para dessedentação animal. Portanto, a agropecuária representou 84% do consumo. Em vista desses números, podemos concluir que a produção de alimentos é intensiva no uso da água, sendo assim é nosso dever prezar pelo uso eficiente deste recurso natural.

O Brasil detém aproximadamente 12% da água doce do mundo, mas quase 70% desta está concentrada na região Norte do país (Bacia Amazônica). O Sudeste, região mais urbanizada, detém em torno de 6%, então se não houver gestão hídrica, situações de escassez e conflito serão cada vez mais comuns, independente, da falta de chuva. Em diversas regiões brasileiras conflitos pelo uso da água estão presentes, pois a necessidade dos usuários é maior do que a oferta de água.

O que fazer para auxiliar na diminuição da Pegada Hídrica?

Júlio Palhares, pesquisador da Embrapa, aponta que o primeiro passo para quem busca diminuir a Pegada Hídrica na produção de carne bovina e quer ganhos a curtíssimo prazo, é fazer uma nutrição bem feita.

Zootecnia e nutrição de precisão, se exercitadas de forma correta, farão com que o produto seja hidricamente melhor. Afinal um pasto degradado, terá menos água em sua composição e gerará um animal sob maior tempo de pastejo para conseguir atingir o peso de abate esperado pelo pecuarista, além do fato do animal beber mais água do bebedouro.

Já quando alimentado e suplementado de forma correta, o gado irá consumir menor quantidade de água, e com orgulho poderemos dizer que produzimos carne, com a máxima eficiência. A importância da água é evidente para o homem e, por esse motivo, a Pegada Hídrica é uma iniciativa de caráter essencial e urgente para preservarmos os recursos hídricos e garantirmos o acesso às fontes de água no futuro.